0 Vida público/Privada

Porque é que as pessoas fazem questão de contar a sua vida toda nos transportes públicos?
Hoje fiquei a saber quase tudo sobre a vida de uma senhora que ia ao meu lado a falar ao telemóvel.
É que mesmo que uma pessoa queira ter uma conversa com outra é impossível, pois dificilmente nos conseguimos distanciar do que é dito.
E uma vez que a pessoa em questão compartilhou a vida com o comboio todo acho que ganhei o direito a fazê-lo por ela na Net, pros milhões de seguidores que me lêem (é só 1 mas pronto).

Enquanto a mulher falava com o marido fiquei a saber que está no emprego há apenas 1 mês pois pediu ao marido para que de cada vez que fosse à rua, para ir passando no multibanco a ver se ela já tinha recebido.
Fiquei a saber que tem uma criança pequena pois foram-na deixar a casa da mãe do marido e esqueceram-se de levar a aranha pelo que a criança vai ter que ficar o dia todo no ovo e já tá grande demais para isso.
Fiquei a saber que já não se dá muito bem com o marido pois disse-lhe, e passo a citar, "tu deixa de ouvir o queres e ouve aquilo que te digo"!
Enfim, o que vale é que foi apenas por 3 estações.

Amanhã, se a conseguir apanhar no mesmo comboio, prometo continuar o débito de informações, pois com pessoas destas no espaço duma semana conseguimos saber o suficiente para um rapto ou extorsão de qualidade.

1 Ainda nas Séries...

Continuando nas séries, mas desta feita nacionais, o único pensamento que me ocorre é... mas que saudades do Duarte e Companhia.
Ontem dei por mim a verificar que a Sic e a Tvi vão estrear duas séries sobre vampiros. O facto de irem a reboque da nova moda originada por uns filmes fraquinhos com nomes ainda piores não me choca, são aliás inteligentes, há que dar ao povo aquilo que ele gosta, afinal só assim se justifica que o Big Show Sic tenha durado tanto tempo.
O que realmente me incomoda é que sejam logo as duas Tvs a fazê-lo em simultâneo. Mas será que há não criativos neste país?
Será que as produtoras têm um argumento tão genial e extenso que só para uma série num canal era um desperdício e teria mais episódios e séries que o programa da Oprah, e como tal, para ajudar à diminuição do desemprego têm que vender o mesmo conceito a duas Tvs dizendo a cada uma que têm um produto genuíno e inovador em Portugal...
Ou será que pensaram que tinham uma história tão fraquinha que tiveram que o tentar vender a todas as Tvs, na esperança que pelo menos uma fosse parva o suficiente para comprar aquilo...

E os nomes das séries!?
Uma série chama-se Lua Vermelha, que é totalmente diferente e inovador do sucesso (não sei como) do New Moon.
A outra chama-se Destino Imortal. Se há coisa que os vampiros menos têm é um destino longo e imortal.
Porque não lhes chamaram antes "O Dente de Alho", "Pescoço Anémico" ou "Super Sumo de Tomate"?

0 Viciado em Séries

Desde há uns largos anos a esta parte que sou um viciado em séries televisivas.
Adoro um bom filme, intenso, rico. Mas uma série consegue ser mais abrangente. Uma série é como aquele cotão que nos fica no umbigo...está sempre presente na nossa vida.
Passem os anos que passarem, haveremos sempre de falar das mesmas séries como marcos significativos da nossa vida. É através delas que crescemos, rimos, choramos, divertimos, enervamos e nos apaixonamos.
Enumerar todas as séries que vi e que me marcaram seria o mesmo começar a declamar as 1102 estrofes do Lusíadas.
No entanto, permitam-me um momento saudosista (e não é relativo ao Salazar) apenas para relembrar umas quantas que me viram crescer.
Não querendo menosprezar séries como o Alf ou o Allo Allo, a série que marcou a minha infância chamava-se Life Goes On. Uma série familiar com uma história de vida fundamental para alguém que está a crescer e precisa de escolher o argumento que quer para a sua vida. E isto tem um cariz tão mais importante quando pela mesma altura se vê o filme Kids.
Ao invés da história, que com o tempo vai saindo da nossa memória, a música dos genéricos fica sempre gravada. Ainda hoje dou por mim a assobiar o "Ob-La-Di, Ob-La-Da, life goes on".

Ficar acordado até às tantas apenas para ver Seinfeld, Pretender, X-Files era um ritual obrigatório.
Abençoados tempos em que tínhamos apenas 4 e até mesmo 2 canais.

Hoje em dia continuo a devorar séries mas a dinâmica já não é a mesma. Há poucas séries que me conseguem surpreender. As séries humorísticas têm uma maior capacidade e facilidade de se manterem actualizadas.
Graças a um grande amigo meu, vejo actualmente o Family Guy, uma série de desenhos animados com um humor sagaz e inteligente. Uma espécie de Simpsons mais refinado com um humor negro, escuro.

De tudo o resto que vejo actualmente sugiro apenas duas, pela sua originalidade.
Dexter e Californication. Simplesmente brilhantes.
Estas duas séries conseguem fugir a todo o estereotipo e cliché de CSI's de 50 estados diferentes, de NCIS (formato e titulo são mera coincidência face ao CSI) e afins...

Parece que já estou a ver o brainstroming deles para arranjarem um titulo para a série (Epah, isto como parece o CSI mas é muito mas muito diferente, mete-se um N antes a indicar New e baralha-se o CSI, alguma coisa deve dar)!

O pior de tudo é quando as épocas acabam e esperamos dolorosamente pela nova época. Sofremos de suores frios, boca seca e irritação na pele. Sentimo-nos Lost. Falta-nos cerca de 42m de um episódio, seja ele qual for, não importa, nem é preciso aquecer, nem é preciso limão, queremos é que ele venha rápido e que traga companhia!
O que fazer então para suprimir esta vontade? Nada como ver uma série portuguesa em formato diário chamada Perfeito Coração, para ficar com vontade de encarnar Dexter Morgan!

P.S - Apenas para falar no 24 e no Jack Bauer. 1 semana de férias bem passadas é ver as 7 séries de seguida do 24! Isto só como introdução à 8ª que já estreou nos EUA.

0 Poupança

Uma palavra cada vez mais presente nos nossos dias. Os nossos avós sabem bem o que significa poupar. Fizeram-no a vida toda, num país permanentemente em crise.
Nós mais mimados, apenas começámos a poupar quando a crise (mais recente) rebentou.

Mas será que esta crise é assim tão diferente daquilo que vivemos a vida toda?
Quando um país como o nosso cresce ao ritmo de 0.5% ano em média, não estaremos nós habituados a esta pseudo crise? Coitados é dos outros, habituados a ver o seu país crescer 5% ano e agora nada. Esses sim sentem a crise.
Para nós, it's just another rainy day!

Mas centre-mo-nos na poupança. Como poderemos nós poupar quando o que ganhamos apenas dá para as despesas e para 2 Sundays de Caramelo?
Somos todos campeões Olímpicos de Ginástica +/- rítmica!

A melhor maneira para poupar é ter 2 trabalhos e viver a 2h de distância dos trabalhos.

Eu ao fim-de-semana estava sempre a gastar dinheiro. Mal punha o pé no elevador já estava a gastar. Se ficava em casa, estava a gastar.
Agora, finalmente aprendi o melhor caminho para a poupança.
Dormir o mais possível. Enquanto durmo não contribuo para o enriquecimento da EDP e afins.
Quando estou prestes a levantar-me, reconsidero, viro-me para o lado e sorrio, pois contribuo para o aumento da poupança do país. E se há coisa que eu gosto de fazer pela manhã é ajudar o Sócrates...

0 BPN

Confesso que não pensava alguma vez escrever aqui sobre economia e finanças mas decidi abrir uma excepção para o caso BPN.
Segundo o jornal Destak de ontem, o Banco Patrocinado por Nós "engole" quase 10 milhões de euros por dia.
Isto é coisa para fazer corar de inveja a Chicholina e para fazer com que a boca da Manuel Moura Guedes pareça um Poirot.

Durante meses apenas se ouvia dizer que a nacionalização do BPN se deveu à possibilidade de existir um risco sistémico. Ora risco sistémico significa o risco que um banco não tenha recursos suficientes para pagar a outro e assim sucessivamente.
Assim, quando deixar de pagar a conta do talho e o homem me chamar caloteiro, vou dizer-lhe que sou uma pessoa com um síndrome sistémico agudo!

Cada dia que passa gosto mais do Sócrates. É dele e do Hugo Chavez.
Os homens têm visão pro negócio... um nacionaliza bancos com um buraco financeiro do tamanho do buraco de ozono, o outro nacionaliza supermercados!

Vou propor ao Sócrates que nacionalize o Pingo Doce, e que o ofereça ao Chavez, com a condição de depois colocar no youtube os novos anúncios em espanhol.
"Vienga a Pingo Caramelos de Enero a Enero"

Um dica apenas para quem não sabe que banco escolher para colocar o seu dinheiro.
Não escolham bancos que patrocinam jogadores da bola...

0 Casamentos de Santo António

Sei que ainda é cedo, mas hoje surgiu a noticia da possível inconstitucionalidade relativamente a casamentos homossexuais nos casamentos de Santo António.

E realmente hoje quando acordei o meu pensamento foi para os pobres coitados que não se poderiam casar nos casamentos de Santo António. Foi isso a vontade súbita de ir ao wc! Como foram os dois pensamentos em simultâneo não sei bem qual se sobrepôs a qual!

Mas será que não há mais nada a preocupar este país!?
Andamos nós a pagar ordenados a juristas e constitucionalistas para discutirem estes assuntos?

Ora façamos um breve flashback, e o que nos vêm à cabeça quando falamos em casamentos de Santo António?
Igreja, noivas vestidas de branco, padre e av. da liberdade fechada!

Assim de repente, quem é que está totalmente contra o casamento homossexual e que foge como o diabo da cruz (adorei esta analogia) deste assunto? A igreja pois está claro!
Parece que já consigo imaginar o Padre Borga a cantar "Põe tua mão, na... desse Senhor"

Existe depois toda uma panóplia logística que encontra nos casamentos homossexuais alguns entraves, como por exemplo, quem se veste de noiva?
Isto coloca desafios aos estilistas, pois criar um vestido de noiva em corpete onde não há mamas para segurar o vestido não é para todos...

Melhor que tudo era a missa ser realizada em Fátima e pelo Padre Frederico...

0 Campeonato Mundial Matraquilhos

Campeonato Mundial de Matraquilhos...
Só o título leva-nos por imaginários dignos de uma película de James Cameron (e não falo do iceberg que foi contra um barco, mas sim do mais recente filme encomendado pelo Porto, uma vez que aquilo é tudo azul).
Desenganem-se se pensam que isto se trata de um produto da minha imaginação. Esta semana a noticia correu Portugal. Temos presente um atleta de alta competição, de seu nome André Mendes, a defender as cores nacionais no campeonato que decorre em Nantes.
Qual Benfica de Jesus que veio da terra prometida, qual Sporting que ao chegar ao Natal poupou no peru para comprar jogadores (embora parecidos com perus), a noticia futebolística do momento é os matrecos!

Posto isto, cabe-me fazer algumas considerações:
Primeiro, como é feito o recrutamento? Se existe uma profissão onde é necessário ir a todos os cafés deste nosso Portugal que tenham uma mesa de matraquilhos para analisar e documentar todos os atletas, desde que devidamente acompanhado pelo ícone nacional denominado mine, EU QUERO essa profissão.
Segundo, como funcionam os treinos? É que é necessário muita robustez de pulsos... deixo à consideração.
Terceiro, nas máquinas de matraquilhos dos campeonatos a moeda que é posta é de que país? Euro, Dolar, Iene, Franco CFA?
Quarto, onde estavam estes campeonatos no meu tempo de faculdade? Eu que tanto investi nessa cadeira, que por sinal foi uma cadeira que levou 4 anos a concluir. Se há monumento que caloiro e veterano veneram é a mesa de matraquilhos, que está para ambos como a aparição da Nossa Senhora estava para os outros 3 na Cova da Iria. Tirando o facto de não estar em cima de uma oliveira...e daí, depois de umas 5 horas de jogo, 4 grades e umas dezenas de giranços tudo é bem possível!

0 O Paneleirismo Nacional

Estaremos a criar um país de paneleiros?

Todas as manhãs vejo os papás a deixar os filhotes à porta da escola (e não é do jardim de infância) e todas as manhãs as começo a dizer impropérios!

Os belos dos papás pela manhã esquecem-se que as escolas não estão em auto-estradas e não há 3 faixas de rodagem por onde quem quer ir trabalhar (querer não quer, mas tem que ir) possa prosseguir a sua viagem.
Os belos dos papás só não entram com o carro por dentro da escola porque o portão é feito para passar apenas 1/2 pessoas. Se bem que já vi umas tentativas de uns papás com um Smart...
Os belos dos papás param junto à passadeira, esperam que o filhote saia do carro, que passe à frente do carro e só depois de ele entrar na escola é que arranca. Arranca ainda assim devagar, cheio de saudades do seu rebento.
O belo do papá do carro de trás, em vez de aproveitar que o seu homólogo da frente parou, não. Espera que ele siga viagem para se chegar à beira da passadeira e repetir o mesmo processo!

Pior que isto é ter 2 escolas na mesma rua, separadas por uns 50mts e ver todo este processo repetido, por vezes pelo mesmo belo do papá que tem 2 filhotes! E os impropérios a duplicar...

Para quem acha tudo isto normal, imaginem que esta história não acontece porque as escolas são jardins de infância, mas sim preparatórias e secundárias!
Para quem acha tudo isto normal, imaginem que esta história não acontece apenas quando chove torrencialmente mas também quando estão 20 graus à sombra!

Estaremos a criar um país de paneleiros?

No meu tempo de juventude ia-se a pé ou de autocarro. As únicas vezes que éramos levados à escola pelos nossos papás era quando nem se via alcatrão na estrada e chovia até mais não.
Se por acaso tivesse a chover pouco e tivéssemos um ataque de paneleirismo e pedíssemos para nos levarem à escola, a resposta pronta era, "aproveita agora que chove pouco e vai andando..."
No meu tempo de juventude nem queriamos ser vistos com os nossos pais. Irem-nos levar à escola era um sinal de rabetismo, frufrice e todo um conjunto de sinónimos que não vou agora pronunciar.

E depois disto tudo durante a semana, ao fim-de-semana eles frequentam os escuteiros!

I rest my case...

0 O Centro Comercial

Como desejo para 2010, todos os homens deveriam ter posto de parte, uma passa para comer de penalti, com o objectivo de: "não voltarei a ir a centros comerciais em feriados, épocas de saldos, fim-de-semanas, enfim...sempre, excepto quando for para comprar um plasma, uma ps3, e vá...produtos alimentares!"
Mas não, todos os anos a história repete-se.
Após o Natal em que se recebe 3Kg de prendas, após o Ano Novo em que dia 01 os Centros Comerciais estão fechados, chega-se ao dia 02 e é uma loucura. Parecem viciados de um lado para o outro à procura de uma dose embalada, como que se a Meia Laranja tivesse encerrado a sua actividade por 1 dia.
As mulheres cheias de energia repetem actividades que já não faziam desde a faculdade, o vulgo "Rali das Tascas", só que desta vez as ginginhas são substituídas saias e tops.
Os homens dividem-se em 2 categorias: os que ficam sentados à porta da Zara num espaço que normalmente dá para 3, é ocupado agora por 10, visto que também existe solidariedade masculina, em que as expressões faciais variam entrem "por favor despacha-te, já olhaste para essa peça de roupa 4 vezes" ou "por favor ainda é começo do mês, não me leves já à falência".
Há ainda os mais aventureiros, aqueles que decidem romper com o seu desígnio e entram nas lojas com as suas mulheres. Enquanto elas experimentam a mesma peça de roupa em 5 tons diferentes eles ainda conseguem manter um sorriso, um "leva o tempo que quiseres, amor". No entanto, tudo isto muda no momento de chegar à fila para pagamento.
É nesta altura, que existe uma troca de olhares com os restantes da sua espécie no exterior da loja, aqueles mais experientes em que os traços do rosto denunciam já um vasto leque de operações idênticas ao longo dos anos. É nesta altura que existe uma simbiose perfeita de pensamentos. O aceno da cabeça de parte a parte simboliza um "Eu sei amigo, eu sei. Para o ano encontramo-nos da parte de fora, há sempre lugar para mais um".